Brasil se abstém de voto na ONU contra repressão a mulheres no Irã

A delegação brasileira na Organização das Nações Unidas (ONU) se absteve de condenar o Irã por violações de direitos humanos contra mulheres e crianças. A votação ocorreu nesta quarta-feira, 20, e contou com o apoio de 77 países a favor da resolução, proposta por Estados Unidos e União Europeia. Apesar disso, o Brasil, ao lado dos demais membros do BRICS, decidiu não se posicionar contra o regime iraniano.

A ausência de um voto favorável gerou críticas e questionamentos sobre a posição do Brasil em questões de direitos humanos. O Itamaraty não emitiu nenhum comunicado oficial explicando a decisão. No entanto, em abril, o embaixador Tovar da Silva Nunes já havia defendido a necessidade de um “diálogo construtivo” ao justificar outra abstenção em votações relacionadas ao Irã. Ele destacou, na época, que o governo iraniano estaria cooperando em investigações sobre a morte da jovem Mahsa Amini.

A morte de Mahsa Amini, após ser detida pela polícia moral por não usar o hijab de forma adequada, desencadeou uma onda de protestos no Irã e deu origem ao movimento “Mulher, Vida, Liberdade”. Desde então, o regime tem enfrentado forte pressão popular, respondendo com repressões violentas, resultando em centenas de mortes e milhares de prisões. Casos como o de uma estudante detida em Teerã por protestar sem roupas também evidenciam a tensão crescente no país.

A decisão brasileira de não apoiar a condenação ao Irã na ONU reflete uma postura diplomática cautelosa, mas que tem sido alvo de críticas por parte de defensores dos direitos humanos. Analistas avaliam que o posicionamento está alinhado a uma política externa que busca manter equilíbrio entre aliados estratégicos, mas que pode ser interpretada como um distanciamento de pautas progressistas no cenário internacional.