Um novo laudo técnico trouxe mais um impasse sobre o futuro da Vila de Jericoacoara, localizada no Litoral Oeste do Ceará, um dos destinos turísticos mais procurados do Brasil. O documento aponta que houve alterações nos registros cartográficos, ampliando progressivamente o tamanho do terreno de uma empresária que afirma ser dona de 80% da área da vila. Contudo, a comunidade local contesta essa alegação, defendendo que a propriedade está fora dos limites do Parque Nacional e não abrange a área em disputa.
O estudo foi realizado após denúncias de irregularidades fundiárias feitas por uma entidade composta por moradores da região. De acordo com eles, a área original de mais de 440 hectares pertence à Fazenda de Plantio de Caju, Junco 1. Alegam que, em 2007, com a mudança do cartório de Acaraú para Jijoca, três lotes de terra que formavam a propriedade passaram por uma nova averbação, fazendo com que o tamanho do terreno dobrasse e alcançasse a área da Vila de Jericoacoara.
A Procuradoria-Geral do Estado do Ceará (PGE-CE), envolvida em um processo extrajudicial com a empresária Iracema São Tiago, declarou que ainda não teve acesso ao novo laudo. Recentemente, o órgão suspendeu o acordo por tempo indeterminado, poucos dias após uma recomendação do Ministério Público do Ceará (MPCE). Em resposta, a PGE-CE solicitou uma perícia cartorária no registro do imóvel, com o objetivo de esclarecer a disputa e determinar os limites da propriedade.
Esse impasse sobre o território de Jericoacoara segue gerando controvérsia e polarização entre os moradores locais e a empresária. Enquanto os habitantes defendem a preservação da área como patrimônio natural e cultural, a empresária busca consolidar a posse da terra, o que pode alterar significativamente o futuro da vila e suas comunidades. A resolução desse conflito dependerá da análise técnica dos documentos e da definição jurídica sobre os limites territoriais.